terça-feira, 11 de outubro de 2011

Superando a dor...





No dia 28 de julho de 1976, a cidade industrial de Tangshan foi completamente arrasada por um terremoto apavorante, trezentos mil mortos. O fato ficou famoso como símbolo do colapso total das comunicações da China naquela época.
A preocupação das autoridades era com a crise pela morte de Mao Tsé-Tung e duas outras importantes personalidades. A notícia do terremoto acabou chegando ao governo através da imprensa estrangeira, muitas mulheres ficaram sem marido e viram seus filhos serem tragados por abismos profundos.
Chen foi uma delas. Naquela manhã de julho, antes de clarear, ela foi despertada por um som estranho, era uma espécie de ronco surdo e um assobio, como se um trem estivesse se espatifando contra as paredes da casa.
Quando ia gritar, metade do quarto cedeu e a cama onde estava deitado o marido, foi tragada por um buraco enorme, o quarto das crianças, que ficava do outro lado da casa, como um cenário de um palco apareceu à sua frente.
O filho mais velho estava de olhos arregalados e boca aberta. A menina chorava e gritava, estendendo os braços para a mãe, o filhinho pequeno continuava dormindo calmamente, a cena à sua frente sumiu de repente como se uma cortina tivesse caído.
Chen acreditou que estava tendo um pesadelo e se beliscou. Não acordou. Então, espetou a perna com uma tesoura. Sentindo a dor e vendo o sangue, entendeu que não era um sonho.
Gritou como louca. Ninguém ouviu. De todos os lados vinham sons de paredes desmoronando e de móveis quebrando. Ela ficou ali, com a perna ensanguentada, olhando para o buraco enorme que tinha sido a outra metade da sua casa.
Seu marido e suas lindas crianças tinham desaparecido diante dos seus olhos.
Sentiu vontade de chorar, mas não tinha lágrimas. Simplesmente não queria continuar vivendo.
Vinte anos depois, contando esta história a uma jornalista, Chen confessa que quase todo dia, ao amanhecer, ouve um trem roncando e apitando, junto com os gritos dos seus filhos. Os pesadelos a machucam, mas ela diz que os suporta porque neles estão também as vozes dos seus filhos.
E quem pensa que Chen vive somente a lamentar e a chorar a perda dos seus amores, engana-se.
Ela, junto a outras mães que perderam seus filhos no terremoto de 1976, fundaram um orfanato, com o dinheiro da indenização que receberam.
É um orfanato sem funcionários. Alguns o chamam de uma família sem homens.
Vivem ali algumas mães e dezenas de crianças. Cada mãe ocupa um aposento grande com cinco ou seis crianças. Os aposentos do orfanato foram decorados com uma infinidade de cores, de acordo com o gosto das crianças. Cada quarto com seu estilo de decoração.
Bem diferente dos orfanatos tradicionais da China.
Ao ser questionada como se sente hoje, naquele voluntariado, confessa Chen:
Muito melhor. Especialmente à noite. Fico olhando enquanto as crianças dormem. Sento ao lado delas, seguro suas mãos contra o meu rosto. Beijo-as e agradeço a elas por me manterem viva.
É um ciclo de amor. Dos velhos para os jovens e de volta para os velhos.
*   *   *
Por vezes, quando a dor nos visita, nos enclausuramos nela, acreditando que a nossa é a dor maior do mundo.
O exemplo de Chen nos dá a dimensão da dor e nos ensina como lidar com ela: atender o próximo que também sofre.
Afinal, sempre que olharmos para trás encontraremos criaturas mais intensamente feridas do que nós mesmos. E no atendimento às suas feridas, encontraremos o alívio que buscamos.
Tudo porque o toque delicado do amor é o curativo perfeito para as próprias chagas abertas no coração.

Redação do Momento Espírita com base no cap. As mães que sofreram um terremoto, do livro As boas mulheres da China, de autoria de Xinran, ed. Companhia das letras.
Em 11.10.2011.

7 comentários:

Marian disse...

Que hermosa reflexión Royal.
y que hermosa la imagen de la Virgen.
Muchas Gracias!
¡Feliz día de la Santísima Virgen del
Pilar!
Un abrazo. Dios te colme con Su Amor.

Rebeca Coimbra disse...

Que linda história amiga!!!linda mesma...um exemplo para nós!Beijos diazinho difiçil hoje!bjs

Zelinda de Bona disse...

Regia querida :
Linda mensagem para refletirmos...
"Se pudessemos ter conciência do quanto a nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de fazer os outros felizes!!!"
Força amiga tenho certeza que está ajudando muitas mãezinhas.
Com carinho zelinda.

Patricia disse...

Gostei muito da mensagem. Bjos

Ilca disse...

Olá amiga querida!
Bela mensagem, e que belo exemplo de força, resignação e de amor ao próximo!
Que Deus te ampare e te fotaleça sempre!
Beijos e luz!

Marian disse...

¡Hola Royal! Vengo a decirte lo mucho que te ama el Señor, aunque aquí no lo veamos... pero sentimos su fuerza su paz.
¡Feliz fin de semana!
Un abrazo. Dios te bendiga!!!

Ilca disse...

Régia querida, é sempre muito bom receber sua visita, eu já estava mesmo sentindo sua falta. Obrigada pela palavras sempre tão carinhosas!!!
Amiga, posso imaginar a emoção desse encontro com sua irmã e das saudosas lembranças do tempo feliz com seu Thadeuzinho, as recordações sempre nos fazem chorar.
O dia hoje está terrivel para mim, por momentos parece que não vamos conseguir suportar tanta saudade mas, quando achamos que vamos cair, Deus, nosso Bondoso Pai, como sempre, nos estende a mão e renova nossas forças e a esperança do reencontro com nossos queridos filhos.
Que Ele esteja sempre com você. Muita luz nos seus dias!
Beijo grande!